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Renascendo

A Sortilégio não morreu! Está passando por uma reformulação, e em breve boas novas aparecerão por aqui. A novidade é que agora o ecos virão do Ceará.

bazar

Mais uma vez

O Bazar Pamplona foi escolhido para participar da Mostra Prata da Casa, como uma das melhores bandas que se apresentaram no projeto neste semestre. O show acontece dia 14 de dezembro, uma sexta feira.

Enquanto o dia não chega, fica abaixo um registro feito em setembro.

astronete

virusEnquanto se dedica às composições de seu novo disco, ainda sem data de lançamento prevista, o cantor e compositor português JP Simões trabalha sua relação com a escrita. Acaba de lançar em Portugal o livro de contos “O vírus da vida” pela editora Sextante, com ilustrações de André Carrilho. Nesta aproximação com as letras, ingressou também no mestrado em Teoria da Literatura, na Universidade Clássica de Lisboa.

Nas linhas a seguir, ele explica um pouco sobre essa imersão literária. E, mais abaixo, nos concede um dos contos do livro. Dois deles ficarão disponíveis na página do artista, dentro do site da Sortilégio.
Em tempo: enquanto prepara uma volta aos palcos brasileiros, provavelmente para o início de 2008, JP Simões continua imerso em nossa realidade, se apresentando com Seu Jorge dia 12 de novembro, em Lisboa.

“O livro de contos que acabei de lançar é composto por pequenas e muito antigas narrativas que fiz mais como exercício do que com a intenção de alguma vez as publicar e, de facto, não correspondem em nada ao que presentemente me move na escrita. Porém, as belíssimas ilustrações de André Carrilho e a prontidão e interesse da editora Sextante em publicar o trabalho em livro acabaram por ser motivo suficiente para que eu achasse que seria muito conservador da minha parte querer esconder um lado mais superficial e descomprometido do meu trabalho ao longo dos últimos 12 anos. Na verdade, creio agora que foi boa ideia publicar algo pelo simples pretexto de poder ser divertido e fácil de ler! O Mestrado que comecei agora a fazer faz parte de um plano antigo que consiste em forçar-me a fazer coisas difíceis quando começo a ficar confortável e condescendente demais com a minha desgovernada e ansiosa imaginação e capacidade criativa. É um desafio. Creio que uma das melhores ferramentas para qualquer forma de criação é a capacidade de análise e a procura de outros pontos de vista sobre as mesmas e velhas coisas que nos movem e atormentam: gostaria de escrever melhor e julgo que isso, a acontecer, só poderá ser melhor para as minhas canções.”

I.S.S.O.

Agora sei que nunca devia ter sorrido assim no supermercado. Lembro-me que estava junto à prateleira das conservas e uma certa embalagem de sopa caseira com “verdadeiros pedaços de carinho”, segundo o rótulo, despertou-me uma nostalgia tremenda. Comecei a imaginar os jantares com os meus avós. A voz doce da minha avó a anunciar que a sopa estava quentinha e maravilhosa e o olhar de satisfação dos dois ao verem-me comer com prazer. Sem querer, pois conhecia os perigos, deixei que o sorriso me pusesse a descoberto essa memória de infância. Do outro lado da prateleira, alguém espreitava.

Acordei no hospital, quatro ou cinco dias depois: mal me podia mexer com a ressaca da anestesia e com o tronco enfaixado até ao pescoço. A enfermeira trouxe-me uma mão cheia de comprimidos coloridos e um jarro d’água: repetia com a sua voz autoritária que eu tinha tido sorte, muita sorte. Quando me preparava para perguntar o que me tinha acontecido, a voz recusou-se a sair: estava sem pingo de força, mas tinha a cabeça numa súbita correria. Olhei em volta: estava numa enfermaria com mais duas camas ocupadas por outras vítimas do infortúnio, igualmente enfaixadas. Fechei os olhos, que me pesavam, e nem sequer os abri quando ouvi pessoas a entrar no quarto. Percebi que eram a mulher e a mãe do tipo que estava ao meu lado. Depois dos beijos e abraços e a confirmação que o tipo podia ir para casa dois dias depois e que os filhos estavam na escola e que o cão já estava curado das lombrigas, a conversa escorregou para o meu lado e eu deixei-me estar de olhos fechados como uma múmia atenta.

-Aquele, dizia o tipo, ia batendo a bota. Foi encontrado num beco com o peito aberto e o coração à mostra. Foram aqueles gatunos das maquinetas!

-Ai que Horror, repetiam as duas, que horror!

-Mas o que é que eles queriam? Perguntou a esposa.

-Então tu não sabes?! Disse-lhe ele, enervado com a ignorância da

moça.

-Eu não. Eu sei lá disso, respondeu-lhe.

-São aquelas maquinetas que eles agora inventaram, gritava ele; aquelas coisas caras para enfiar cá dentro. Aqueles coisos, mulher! Os coisos novos!

-Mas eu sei lá disso, choramingava ela.

-Tu não sabes é nada, barafustava ele, e casa-se um gajo para isto!

-Não te enerves, apaziguava a mãe. Não te podes enervar.

-Nem no hospital um gajo tem descanso, desabafava. Então se esta nem sequer sabe dos coisos novos. Então trincharam esse gajo todo, arrancaram-lhe pele e carne do osso para lhe sacarem…

Não ouvi mais nada. Desmaiei. Dormi durante dois dias seguidos, disse-me a enfermeira e, embora ela insistisse que eu não me podia emocionar, exigi-lhe que me trouxesse o jornal para que eu soubesse o que raio me aconteceu. Tantos cuidados, mas até foi ela que veio toda sorridente a dizer que eu era famoso e jornais e televisão e toda a gente fala nisso. Acabou por me trazer um exemplar de há dois dias antes, com um artigo que me explicou tudo e do qual transcrevo uma parte esclarecedora:

“…é pelo seu alto valor comercial e pela grande procura no mercado negro que os I.S.S.O. ( Indutores de Sentimentos e Sensações Oníricas) são tão procurados pelos criminosos “cirúrgicos”, como são conhecidos, que no último ano, só na cidade de Lisboa, já causaram a morte a uma centena de pessoas. Estes “cirurgiões” do alheio, identificam as vítimas através das suas manifestações de compaixão e ternura, bastando às vezes estas soltarem um sorriso vago ou mostrarem um olhar mais sonhador. Os I.S.S.O. são implantados junto ao coração e induzem aos indivíduos sensações de afecto, recordações artificiais de estima e amor, assim como outras emoções de natureza delicada, que se aproximam da absoluta extinção como parecem indicar os altos índices de venda do produto: só na última época natalícia foram vendidos em Lisboa cerca de 100 mil unidades. O facto de Jaime Ícaro ser a primeira pessoa a sobreviver ao trinchamento e já estar fora de perigo, segundo fontes médicas, aponta para a possibilidade de os criminosos não terem encontrado nele nenhum indutor, cuja extracção violenta provoca sempre a morte da vítima. Neste caso, ou os potenciais homicidas confundiram com ternura alguma expressão ambígua de Ícaro, ou o sentimento que a vítima exprimiu pertencia-lhe verdadeiramente, o que, de qualquer das formas, é uma situação raríssima”.

O cantor e compositor JP Simões, que esteve no Brasil em junho deste ano para duas apresentações no Sesc Pompéia, abrirá o show da turnê de Seu Jorge em Portugal. Será dia 12 de novembro, no Coliseu dos Recreios de Lisboa.

Ele também está divulgando o livro de contos O Vírus da Vida, lançado ontem na FNAC Chiado, com apresentação do mestre Sergio Godinho.

V�rus da Vida

Ouça JP Simões:

www.myspace.com/fabulabebada

Fica para a próxima

O Bazar Pamplona não passou para a última fase do Festival Mente Aberta, apesar de nossos esforços.
A boa notícia, no entanto, é que o novo (e primeiro!) cd da banda deve sair em janeiro de 2008. As 18 músicas de À Espera das Nuvens Carregadas estão sendo masterizadas, e o lançamento será acompanhado de uma grande novidade. Garantimos!

A notícia veio a pouco: Bazar Pamplona é um dos 12 finalistas do Festival Mente Aberta de Música Brasileira, promovido pela Trama e revista Época.

A partir de sábado, dia 15/9, os internautas poderão votar no site, e eleger os 6 finalistas. Serão mais duas etapas, até restar o vencedor.  O prêmio? Três dias no estúdio da Trama.

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Essa é uma daquelas novidades que vão ser novas mesmo depois de um ano de lançamento. Porque cada um que descobre, faz questão de sair na carreira, contando para os outros: a coletânea de música latina “Porque este Oceano és el tuyo e es el mío”. O Bazar está nela, com “O Rei não sabe brincar”. Na seleção feita pelo selo Si no puedo bailar, no es mi revolución, estão mais 16 bandas.

Esse disco, além da qualidade musical – e aqui não vou me ater a fazer a crítica, tão bem feita por outros lugares – é graficamente atraente (arte de Gustavo Gialuca). E vai pelo caminho que acredito ser a solução: o disco como objeto de coleção. Para ser admirado. Algo que te dê um bom motivo para ter o mp3 no computador, e a caixinha na estante.

A coletânea recebeu cotação máxima na Folha, foi bem quisto pelo O Globo. Parece que chega a hora da integração musical se dar para valer: assim como o oceano que banha a América Latina é o mesmo que nos banha, a água que bate aqui, também bate lá em Portugal. Me parece que é um mar dos mais afinados.

O Gringo ao vivo + entrevista

Portugal é POP

emc.jpgPor vezes, a batalha da Sortilégio para a a popularização da música portuguesa contemporânea no Brasil parece árdua. Mas luzes aparecem para mostrar que o caminho é esse mesmo, só está um tanto ofuscado.

E a cantora portuguesa Eugénia Melo e Castro foi um verdadeiro holofote nesta semana. Em uma conversa de duas horas, ela contou como conseguiu, em 25 anos de Brasil, lançar 21 cds, financiar suas turnês, e ter um nome reconhecido por grandes poetas, como Chico Buarque. Marca que impressionaria mesmo se ela fosse daqui.

E não há nenhuma fórmula mágica: ela é movida pelo mesmo combustível que leva a Sortilégio adiante: teimosia. Foi assim que conseguiu levar ao ar, durante oito semanas de 1999, o programa Atlântico, que apresentou com Nelson Motta, pela RTP em Portugal, e TV Cultura aqui. Formou duplas como Simone e Dulce Pontes, Marisa Monte e Cesária Évora. E fez par com Chico.

Agora, acaba de lançar seu novo cd POPortugal, que é exatamente o que o nome diz: releituras de músicas pop portuguesas. Uma delícia gravada em São Paulo, para onde vem a cada dois meses, em média.

Vale a pena conferir os textos que ela posta no blog, especialmente O Poder dos Números, em que conseguiu colocar por escrito o que é perceptível.

No vídeo abaixo, Gal Gosta e Luis Represas em “Lanterna dos Afogados”.

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